As reflexões do Papa Francisco a respeito da condição dos cristãos pelo mundo, levam a uma forte convicção e consciência das provações anunciadas desde os primórdios do cristianismo, algo que se faz presente na história da Igreja mesmo hoje e de forma tão intensa, e que foi muito bem abordado pelo apóstolo Paulo ao tratar das realidades cristãs e dos ensinamentos legados por Jesus.
Mas não deixa de ser dolorosa a constatação desta realidade, esperamos contudo na mesma fé que proclama o Papa que nos assemelhemos cada vez mais, com a verdade e o significado presentes no fim existencial aos moldes de Cristo. Só assim há sentido em suportar os sofrimentos e permanecer fiel aos princípios e aos anseios cristãos!
Abaixo a integra das palavras de Francisco:
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Papa: o martírio dos cristãos me comove - Radio Vaticano 06.02
Cidade do Vaticano (RV) – O martírio dos cristãos não é algo do passado, mas muitos deles são vítimas também hoje “de pessoas que odeiam Jesus Cristo”. Esta foi a constatação feita pelo Papa Francisco na manhã desta sexta-feira (06/02), na homilia da missa na Casa Santa Marta, no final de uma intensa meditação sobre a vida e a morte de João Batista.
Seguindo as páginas do Evangelho de São Marcos, o Papa destacou que João “jamais traiu a sua vocação”, “consciente de que o seu dever era somente anunciar” a “proximidade do Messias” –, de ser somente “a voz”, porque “a Palavra era Outra pessoa”. João termina a sua vida como o Senhor, com o martírio.
E é sobretudo quando acaba na prisão por ordem de Herodes Antipas que “o maior homem nascido de mulher” se torna, observou Francisco, “pequeno, pequeno, pequeno”. Primeiro, porque duvida de Jesus. Segundo, quando chega para ele o momento do fim, ordenado por um rei ao mesmo tempo fascinado e perplexo diante de João:
“No final, depois desta purificação, abrindo caminho para a aniquilação de Jesus, termina a sua vida. Aquele rei perplexo se torna capaz de um decisão, mas não porque o seu coração tenha sido convertido, mas porque o vinho lhe deu coragem. E assim João termina a sua vida sob a autoridade de um rei medíocre, bêbado e corrupto, pelo capricho de uma bailarina e pelo ódio vingativo de uma adúltera. Assim termina o Grande, o maior homem nascido de mulher”.
“Quando eu leio este trecho – afirmou a este ponto o Papa – eu confesso que me comovo” e penso sempre “em duas coisas”:
“Primeiro, penso nos nossos mártires, nos mártires dos nossos dias, aqueles homens, mulheres e crianças que são perseguidos, odiados, expulsos das casas, torturados, massacrados. E esta não é uma coisa do passado: hoje isso também acontece. Os nossos mártires, que terminam sua vida sob a autoridade corrupta de pessoas que odeiam Jesus Cristo. Nos fará bem pensar nos nossos mártires. Hoje pensemos em Paulo Miki, mas isso aconteceu em 1600. Pensemos naqueles de hoje! De 2015”.
Além disso, prosseguiu o Papa, este diminuir de João o Grande “continuamente até o nada” me faz pensar “que estamos nesta estrada e caminhamos rumo à terra, onde todos nós acabaremos”. Faz-me pensar em “mim mesmo”:
“Também eu vou acabar. Todos nós acabaremos. Ninguém tem a vida ‘comprada’. Também nós, querendo ou não, caminhamos na estrada da aniquilação existencial da vida, e isso, pelo menos para mim, me faz rezar para que esta aniquilação se pareça o mais possível com a de Jesus Cristo, com a sua aniquilação”.
(BF)
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