Nossas publicações sobre a celebração da Semana Santa nos últimos anos, focam dentre outras coisas, a necessidade de termos uma postura menos consumista e mais relacionada ao sentido espiritual do momento, com um olhar sobre as famílias e suas relações esquecidas pela modernidade das sociedades, pela superficialidade das pessoas, buscando então aprofundar a fé e as descobertas das verdades dos Evangelhos, no verdadeiro significado das palavras, exemplos e do sacrifício de Jesus Cristo, nosso redentor.
Neste sentido, a crise que põem em cheque o modo de vida atual, a excessiva dependência da tecnologia, da economia do consumo desmedido, do culto ao superfulo e do modismo, o abandono do sagrado, onde não há espaço para relações mais próximas e verdadeiras, mesmo nas famílias e com o respeito e valores necessários (para maioria das pessoas e sociedades do mundo), algo que é pouco usual ou raro.
O surto de Covid19, um vírus, um mal invisível, digamos primitivo e sombrio, oportunista e difícil de combater, que afeta gravemente as pessoas, suas formas de viver, pensar e agir, seus relacionamentos e perspectivas, de maneira mais trágica e drástica suas vidas ou esperanças, impactando crenças e culturas. Da forma rápida e assustadora, dolorosa, como se propaga, ao menos serviu para balançar as pessoas em suas atitudes e hábitos, por seu impacto tem manifestado contradições e cristalizado a fé, alterado o comportamento, levando a redescoberta de valores e da humanidade, solidariedade e gestos concretos de amor, desnudando religiões e práticas também, mostrando o lado verdadeiro ou hipócrita dos que se apresentam como cristãos. Um bem muito valioso em meio a tantos males que atormentam as pessoas nestes dias, mas não o único "aspecto positivo".
Outro bem em meio a tempestade, as pessoas ainda que isoladas, privadas de muito que oferece a modernidade e a conveniência dos mercados e do dinheiro, são remetidas a situações de provações, abandono, injustiças, sofrimento, luto e dor, de alguma forma parecidas com a Paixão de Jesus Cristo, abrindo olhos e reescrevendo o sacrifício do Salvador, presentes na entrega e nos gestos dos profissionais de saúde e todos que atuam para o bem das vítimas, doando suas próprias vidas, como técnicos, médicos, enfermeiros, socorristas ou mesmo padres e outros que fazem parte de uma enorme corrente do bem, em meio a uma guerra, onde alguns infelizmente vieram a óbito. Isso faz vivido todo mistério da páscoa de Jesus, como a solidão e a oração do Papa Francisco em Roma, só em meio a praça, mas sempre trazendo uma palavra fraterna e sabia, em prol dos menos assistidos, dentre muitos outros gestos lindos, cheio de simbolismo e um resgate do sagrado, do valor da Semana Santa, como há muito tempo não se via. Certamente os frutos e reflexos de tudo isso, vai muito além do hoje e dos males que assistimos cheios de preocupações e medos, mas agora nos voltando mais a nós, nossas famílias e a fé, para ressurgirmos mais fortes como pessoas e sociedades, numa vitória ímpar, após esta grande dificuldade.
Que o amor de Cristo traga paz a seus corações! Que o sacrifício de agora, as dores e incertezas, sejam vencidas pelo futuro com mais bem e fraternidade, respeito, e tudo que realmente vale para uma vida, melhorada, transformada por gestos dos que lutaram ou tombaram lutando por vencer as formas do mal.
Boa Páscoa! Nestes dias é bom lembrar do que Jesus falou, especialmente sobre os aproveitadores que falam e agem por seus próprios interesses, esquecendo as razões e os que ele veio amparar e amar.
Imagem simbolizando a crucificação, obtida no Google Imagem |
Mateus 24:11-13
E aparecerão numerosos falsos profetas e enganarão a muitos. E, crescendo a injustiça, vai esfriar o amor de muitos. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.