Nas festas juninas típicas do Nordeste, há uma tradição que já não é muito próxima aos aspectos religiosos que as motivaram no passado, mas que não deixam de ser um belo momento da cultura brasileira.
A Igreja Católica e os santos juninos - Fundação Nazaré 08.06.2012
A Igreja Católica e os santos juninos - Fundação Nazaré 08.06.2012
Fogueiras juninas - Wikipédia
Cortejo de São João - Recife, G1 27.06.2013 |
Procissão de São João (tradição católica), Piauí Brasil - foto Google Imagem |
Procissão de S. João em comunidade na Ilha de Cabo Verde, e Brava e Fogo (parecidas com as que ocorrem no Brasil) - foto Google Imagem |
Muito semelhante as festas populares ocorridas em outras nações onde há forte influência católica, já não conservam os mesmos aspectos celebrativos mantidos até bem pouco tempo, ou ainda presentes em especial nas pequenas comunidades e cidades mais remotas e interioranas do Brasil.
Festa de rua, com shows, etc. Lauro de Freitas BA - Blogando Notícia, 2012. |
Nas modernas cidades e nos maiores centros, hoje prevalecem as festas profanas, onde o consumismo e o mundano substituem o religioso e espiritual, e pouco se conserva das características e tradições antigas,
O distanciamento citado, em parte pelas mudanças sociais ocorridas ao longo dos tempos, e com os novos hábitos e "valores", mostram também o quanto são danosas as alterações que causam a banalização de símbolos, valores e tradições religiosas, que desaparecem quase que por inteiro em meio a novas manifestações por vezes totalmente desvinculadas das origens e motivações iniciais.
Neste período os católicos relembram, celebram e respeitam a memória de alguns nomes importantes, como Santo Antônio, e os mártires São João Batista, o profeta, e do Apóstolo Pedro um dos alicerces da Igreja. Que nas festas seriam honrados por sua dedicação a Cristo e a Igreja, entregando-se plenamente a eles.
Há razões para celebrarmos, manter viva as tradições e as origens do cristianismo e da Igreja enquanto corpo de Cristo é uma delas, em busca da união e da vivência no amor concretamente, algo que é ameaçado constantemente até mesmo por alguns outros irmãos cristãos.
Houve tempos em que alguns protestantes contestavam até a morte destes mártires (como a de Pedro, que segundo interpretações defendidas por precursores protestantes, defendiam que o apóstolo nunca foi a Roma). São riscos da desinformação e das distorções que são semeadas, com ou sem este propósito inicial, ou mesmo das banalizações da história e das tradições cristãs perpetradas com ajuda de quem menospreza e não vive seus valores.
Aproveitando o momento, lembramos algo que era comum aos santos, além da morte e entrega pela causa, a humildade e clareza de sua missão, que fez mesmo João diante da presença de Jesus e do significado de sua vida e paixão, não se considerar digno de sequer desatar as suas sandálias, ou como Pedro que após tantas demonstrações de amor a Cristo, confrontado com o inevitável que o levaria a onde não desejava ir, reconhecer em si a pouca dignidade para morrer da mesma forma que o Salvador, cujo gesto tão grande não encontra em nenhum outro martírio uma similaridade perfeita.
Mateus 03:11
Eu batizo vocês com água para a conversão. Mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. E eu não sou digno de tirar-lhes as sandálias. Ele é quem batizará vocês com o Espírito Santo e com o fogo.
São João (Mateus 03:11) e São Pedro reconheciam a grandeza de Cristo e os riscos de atribuírem a si tamanho ato, ou igualarem sua vida e sofrimento ao do Senhor, banalizando os valores e o amor pleno só visto em Cristo, sem máculas, sem igual, guardando assim o sentido maior dos fatos e protegendo-os de um futuro de esquecimento e desvirtuamento.
Mortes e mártires há muitos na história da Igreja e dos cristãos, sofrimento e dor, e haverá até o nosso fim na terra, há muito o que compreender e respeitar em todos os sofrimento e martírios, vividos pelos homens, santos ou não, justos, inocentes ou culpados, bons ou maus, mas em nenhum deles encontramos a perfeição que há na trajetória de Cristo até a cruz.
Relembrar é importante, compreender também, mais ainda acreditar em tudo o que fez Jesus, é parte da aceitação dele em nossas vidas, e perpetuar com respeito seus gestos e sua memória ajuda a manter acesa as razões de sua vinda, de sua existência em nós, mas mesmo isto deve conter o valor e verdade necessária, pois não há versões de Cristo (pleno e único, nas palavras, atos e amor).
Banalizar ou simplesmente transforma-lo num objeto de caricatura, desdém, por gestos menores, ou mesmo nivelar nossas angústias carregadas de erros e mentiras, em algo semelhante ao que viveu Jesus (inocente, puro, verdadeiro e sem falhas, erros, vícios e males), e que foi por nós vitimado, imolado. Se não for um exagero, um abuso ou absurdo é no mínimo fruto de mais uma mentira semeada em meio a nós, para justificar-nos ou não, mas que pode levar-nos a uma visão menor de Cristo. Infelizmente vemos isto muitas vezes, com pouco respeito ao divino, até entre religiosos que dizem servir ou compreender sua missão. Como então não vê-los entre os comuns?
Nós cristãos não devemos nos adaptar simplesmente e nos conformar com as formas correntes de percepção que o mundo nutre sobre o que para nós é valoroso, não podemos abrir mão dos valores e tradições que ajudam a edificar nossas vidas, devemos preservá-los vivendo-os corretamente, pelo amor e na verdade, e não fazer destes motivos para nos afastar dos demais e mesmo de Cristo, colocando em nós ódio, rancor, preconceito ou outros males que surgem com a incompreensão.