Crucificação - Google Imagem |
Muito já foi dito sobre Jesus Cristo, ou sobre o mistério da cruz, e as mensagens que ele nos deixou no mais intenso gesto de amor que se pode imaginar: a entrega total e incondicional à morte na cruz, pelo perdão de todas nossas faltas, e para nos dá vida.
Ainda que para alguns, Cristo e seu calvário, seus gestos e sua santidade, não passem de fábulas, ou invenções, construídas ao longos dos séculos, com fins nem sempre bons.
Para nós cristãos, ele deve ser real e presente, e se faz manifestar de muitas e maravilhosas maneiras, em momentos e situações pessoais ou íntimas, que não são frutos de invenções, e completam ou se ajustam as muitas mensagens deixadas como legados em sua passagem, especialmente no momento mais difícil, quando da sua crucificação. E são estas evidências, fatos, impressões, sentimentos e lições, que nos conectam a Jesus e dão certeza, como em muitos trechos dos evangelhos foram anunciados, que ele é conosco, e faz milagres acontecerem em nossas vidas, e de muitas formas nos colocam em sintonia e contato com o Espírito Santo, e com tudo que dele advém para nosso espírito e nossa vida.
Jesus se explica pela fé, pelo amor, e pela certeza que nos transforma profundamente, e gradativamente faz de nós, mais que humanos, seres que podem transcender os limites e as condições da existência (uma mensagem reforçada na cruz), na direção da plenitude e do universo em Deus, algo tão excepcional, inexplicável, senão por meio de Cristo, e que só por essa concepção já se faz testemunho da verdade e existência do Senhor, inspirador e fomentador do amor em nós (sempre ameaçados por dúvidas e dores).
Tanto tempo e tantos episódios vividos em mais de 2000 anos enquanto cristãos, e mesmo entre nós existe uma certa dificuldade em compreender muitas das mensagens daquele momento transformador, capaz de fazer surgir uma nova e melhor pessoa, em cada um que abraça a fé e faz sua, as atitudes de Jesus, sem medo e sem restrições.
Cristo transforma não apenas pelo que disse, e pelo que fez com ações, mas também pelo que simboliza ou está subentendido, pelo que representa e esperamos, em mensagens vividas, encarnadas, e que se multiplicam e se eternizam para além dos momentos. Mas vale refletir sobre algumas delas, ainda mais agora na Semana Santa, em que celebramos àqueles últimos instantes de vida de Jesus, e que antecedem sua ressurreição:
- esteve e partilhou até os seus últimos momentos, com os menos afortunados, os perseguidos, os excluídos, confortando-os, compreendendo e cuidando deles, ainda que necessitasse também de cuidados, atenção e afeto sincero, algo que de poucos recebeu;
- firme e com coragem, foi honesto, desmascarou a hipocrisia de seus acusadores, sem esquecer seus princípios, sua dignidade, e sem transferir responsabilidades e nem abandonar outros a própria sorte, mesmo após abandonado por alguns bem próximos;
- processado e julgado, por tribunais e poderosos (Sinédrio, Erodes e sua corte, pelos romanos e judeus sob Pilatos), instâncias de um sistema fraudulento e injusto, com bases em mentiras e sem ter cometido crimes, foi condenado por interesses de alguns, mas não perdeu sua fé, permanecendo compometido com a paz, e fiel a verdade e a justiça;
- não temeu por sua vida, e suportou humilhações, violências, dores intensas e profundas, ferindo-lhe não só fisicamente, mas pelo bem de todos não recuou, entregou-se ao sacrifício, com humildade não se desviou de um trágico destino, o qual já tinha anunciado;
- amou de forma plena e tão incomum, que através deste amor nos conduziu ao perdão de todas as nossas faltas e pecados, e sem distinção ou exclusão, mesmo dos que lhes causaram tantos sofrimentos e tristeza, uma mensagem sublime, que até hoje surpreende;
- vencendo a cruz, vencendo a morte, ainda que pudesse parecer vencido, trouxe esperança à todos que por seus gestos foram tocados, e com a certeza de eternidade e imortalidade, do que somos e representamos além da matéria, vive em todos os corações e almas que descobriram e se deixaram conduzir por está verdade, e pelo amor mais puro e pleno, apaixonante, sedutor, que nos alcança nos dias atuais, e para além destes com certeza.
Compreender, vivenciar, reviver não somente estas mensagens e verdades (pois não se resumem a elas, tudo que Cristo propôs, até na sua crucificação), deveria ser nosso propósito, não só nesta ocasião de celebração, e ainda mais como seguidores de Jesus e conhecedores da Palavra e suas intenções.
Mas estranhamente e sem pudor ou vergonha, nos portamos de forma distinta, diferente muitas vezes do que deseja Jesus, e outras tantas agimos como seus acusadores e executores, todos que lhe causaram feridas, e fazem repetir-se as dores e sofrimentos, as injustiças e condenações, as torturas e o calvário, toda vez que como hipócritas, submetemos outros a situações como as que viveu Cristo, em diferentes intensidades e formas, mas: oprimido por poderosos, discriminado, perseguido, criticado por optar pelos pobres e marginalizados, sem direitos ou justiça, previamente julgado e condenado pelo que acreditava e fazia diferente da sociedade da época, que não poupou meios para dete-lo, e fazer dele um exemplo.
E assim como hoje, vemos muitos vitimados e sofrendo ou tombando, nos assassinatos injustificáveis, nos apedrejamentos e violências nas ruas, com processos fraudulentos, nas espertezas dos ricos, nas manipulações de seus pastores, seja pela crença, ou ideologia, pelas origens, cor, raça ou por de alguma forma não se enquadrarem no que esperam grupos no poder e seus admiradores, onde há muitos no judiciário e poderes constituídos, militares, "religiosos" e políticos, por empresários e proprietários de terras, banqueiros e outros, alguns serviçais ou personagens de prestigio, soberbos, "homens e mulheres de família", mas de conduta ruim, violenta, mentirosa, interesseira e egoísta, apegada a valores e a bens mundanos, e que não se preocupam com o mal que semeiam, nem o quanto isso distancia à todos de Deus.
Muitos que vão honrar a memória do Cristo que morreu e ressuscitou, o farão como ele (guardadas as proporções e o respeito), outros como os amigos que com seu sofrimento estavam solidários, mas infelizmente um número ainda maior não, e dentre estes uns que se dizem cristãos e não estarão em comunhão com Deus, reeditando as angústias de Cristo e sua cruz, na pessoa de novas vítimas, seus irmãos.
Que Jesus ilumine e converta todos nós, pondo fim a injustiças e sacrifícios desnecessários, e indesejados, as sucessivas execuções a qual o submetemos.
João 10:10
O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância
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João 10:10
O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância